domingo, 31 de outubro de 2010

A síntese da criação-Primeiro organismo controlado por genoma artificial prova que o DNA é realmente a receita química da vida.

Linhagem sintética da bactéria Mycoplasma mycoides: vida artificial
Quando anunciou no dia 20 do mês passado a criação da primeira linhagem de células viáveis de um ser vivo controlada por um genoma totalmente sintetizado em laboratório, o cientista norte-americano Craig Venter não economizou palavras para descrever o feito. Lembrou a todos que, nunca antes na história deste mundo, a humanidade tinha sido apresentada a uma criatura desprovida de ancestrais. Sem pais. A mensagem era clara: a Mycoplasma mycoides JCVI-syn1.0 – nome dado à variedade dessa bactéria cujo DNA fora produzido por químicos de uma empresa de biotecnologia, a Blue Heron – era filha de uma nova era. Da biologia sintética. “É a primeira espécie do planeta que se autorreplica cujo pai é um computador”, afirmou o ousado pesquisador-empresário, que, anos atrás, já havia se tornado famoso ao liderar um projeto privado de sequenciamento do genoma humano capaz de rivalizar (e acelerar) o trabalho feito pelo consórcio público.
A alusão à máquina como o pai da bactéria não é gratuita. Afinal, as informações necessárias para fabricar um genoma, na forma de uma enorme sequência de bases químicas (A, C, T e G), ficam guardadas em computadores. No caso da variedade natural da bactéria M. mycoides, trata-se da se­quência composta de 1,08 milhão de pares de bases (com cerca de mil genes) presentes em seu único cromossomo. Foi com essa receita química que se fez, em laboratório, uma cópia sintética do DNA natural da bactéria, seguindo uma série de especificações da equipe do J. Craig Venter Institute (JCVI), instituto fundado por Venter. O genoma não foi sintetizado como uma única grande sequência de DNA, mas em mais de mil pequenos pedaços. O conjunto de fragmentos foi inserido numa levedura, onde foram reunidos e retomaram a forma do cromossomo. Por fim, os cientistas retiraram o genoma sintético da levedura e o transplantaram para as células de uma outra bactéria, a Mycoplasma capricolum. O cromossomo artificial conseguiu tomar o controle das células receptoras, que passaram a produzir todas as proteínas típicas da M. mycoides. Dois dias após o transplante, as células deixaram de conter o DNA original da M. capricolum (seja porque ele foi destruído ou diluído no processo de replicação) e apresentavam um único tipo de material genético, o cromossomo sintético da M. mycoides. Em toda essa operação (ver infográfico na página 46), apenas 14 genes sem muita importância da M. mycoides se perderam ou foram anulados. “Trata-se de um avanço tanto filosófico como técnico”, disse Venter, resumindo, a seu ver, as implicações da empreitada.
Ápice de um esforço que consumiu US$ 40 milhões e quase 15 anos de pesquisa de um time de 24 pesquisadores do JCVI, entre os quais Ham Smith, Prêmio Nobel de Medicina em 1978, o surgimento da linhagem de bactéria com genoma sintético foi elogiado por cientistas de todo o mundo. Alguns preferiram situar o trabalho, que foi publicado eletronicamente na revista científica Science, como um grande feito tecnológico, uma mudança de escala na capacidade de o homem modificar o DNA de organismos, mas não como uma revolução científica. Outros pesquisadores, embora reconheçam o caráter técnico da empreitada, salientam que o trabalho tem, sim, relevância para a ciência. A visão de três desses cientistas está publicada em artigos especialmente escritos para esta edição de Pesquisa FAPESP, entre as páginas 47 e 51.
O biólogo Fernando Reinach não tira os méritos científicos do experimento de Venter. Segundo ele, o trabalho é a prova cabal de um conceito, o de que a matéria viva não tem nada de especial e também está submetida às leis da química e da física. Apenas com a informação do DNA é possível recriar um genoma e, por tabela, uma forma de vida. “Isso todo mundo já sabia em tese, mas faltava alguém demonstrar na prática essa teoria amplamente aceita”, afirma Reinach. “Depois da publicação do genoma humano, o trabalho de Venter é o de maior relevância que saiu. Não há por que tentar relativizar sua importância”, diz José Fernando Perez, presidente da Recepta Biopharma e diretor científico da FAPESP entre 1993 e 2005. “Ele coroa todo um esforço de entendimento científico do DNA. Os grandes avanços científicos não vêm de grandes ideias, mas de feitos tecnológicos.” Reinach também salienta um segundo ponto importante, igualmente de ordem científica, que emerge da análise do artigo na Science. Até agora, a vida sempre foi vista como algo contínuo. Todo ser descende de outros organismos semelhantes que viveram no passado. “O trabalho de Venter demonstra que a vida pode ser interrompida e reiniciada”, afirma Reinach, fazendo alusão ao fato de que a bactéria não tem ancestrais biológicos, é fruto da sequência de letras químicas armazenadas num computador.
A geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), comparou a repercussão causada pelo trabalho de Venter a um episódio semelhante ocorrido há 14 anos. “Esse feito me lembrou da clonagem da ovelha Dolly, por Ian Wilmut, em 1996. Os dois causaram uma revolução midiática”, escreve Mayana num artigo publicado na página 47.
Grande parte do financiamento das pesquisas do JCVI vem da Synthetic Genomics Inc (SGI), empresa fundada por Venter que fez 13 pedidos de patente sobre métodos usados nos trabalhos com biologia sintética. Venter diz que o experimento com a M. mycoides vai permitir desenhar microrganismos úteis ao homem, capazes de, por exemplo, produzir vacinas e biocombustíveis. A empresa petrolífera Exxon já se comprometeu a investir US$ 600 milhões na SGI para o desenvolvimento de algas que consigam produzir etanol.
Segundo a geneticista Lygia da Veiga Pereira, da USP, Venter terá muito trabalho pela frente para exercer a biologia sintética em sua plenitude. “O maior desafio será desenhar um genoma totalmente novo e escolher que genes serão colocados para que um organismo desempenhe uma determinada tarefa”, diz Lygia. Ainda que os esforços do cientista americano demorem para gerar frutos palpáveis, a simples presença no ambiente de pesquisa de um sujeito como Venter, polêmico e provocativo, sem dúvida, é vista como salutar por alguns de seus pares. “Para entender Venter, eu costumo pensar no ser humano como uma criança, uma criança largada numa sala bem grande chamada mundo. Ela fica mexendo em tudo, às vezes se queima ao colocar o dedo numa tomada, mas outras vezes acaba descobrindo como subir numa cadeira para alcançar as guloseimas lá em cima”.

Conexões do Autismo

Conexões do Autismo
Neurônios apresentam disfunção química ligada ao desenvolvimento cerebral
© karina griesi oliveira
Neurônios de autista: alterações na morfologia
Um dos distúrbios neurológicos mais comuns em recém-nascidos, o autismo é uma doença de origem complexa que, há décadas, desafia a pesquisa médica. É provável que fatores ambientais, como a exposição a metais pesados, pesticidas ou outros agentes tóxicos, desempenhem um papel no aparecimento dessa intrigante condição ou na ampliação de seus sintomas. Mas boa parte dos estudos tenta avançar na compreensão da intrincada base genética do autismo, que pode ser causada por um número ainda desconhecido de mutações e alterações em diferentes genes ou trechos do genoma humano. Uma equipe de pesquisadores brasileiros acredita ter encontrado uma pista sobre um dos mecanismos que pode estar por trás do surgimento da doença, caracterizada por comportamentos repetitivos e uma séria dificuldade de comunicação e de integração social.
A partir de dentes de leite de uma criança de 5 anos com autismo atendida no Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela FAPESP, os cientistas obtiveram células- -tronco de pluripotência induzida (iPSC, na sigla em inglês) e as transformaram em neurônios no laboratório. Dessa forma, puderam observar uma importante alteração num determinado canal de cálcio cujo bom funcionamento é de extrema importância nos estágios iniciais do processo de desenvolvimento dos neurônios. “Há menos cálcio alterando a ativação de vias celulares que podem estar relacionadas com o aparecimento do autismo nesse caso”, comenta a geneticista Maria Rita Passos Bueno, da USP, uma das autoras do estudo, ainda não publicado, que analisa a genética da doença há uma década. A obtenção da linhagem de iPSC e de neurônios com autismo ocorreu no laboratório do brasileiro Alysson Muotri na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), onde uma aluna de doutorado de Maria Rita, a bióloga Karina Griesi Oliveira, passou um ano aprendendo essa nova técnica de reprogramação celular. Os neurônios de pacientes com autismo apresentam também uma morfologia distinta das células nervosas normais, segundo a literatura científica. Eles têm um núcleo menor e suas ramificações são em número reduzido. “Isso pode significar que há um problema de desenvolvimento ou de maturação dos neurônios”, afirma Muotri.
A hipótese parece fazer sentido, visto que a equipe do brasileiro em San Diego encontrou resultados semelhantes ao estudar os neurônios de pacientes com outra desordem do desenvolvimento cerebral, a síndrome de Rett, obtidos igualmente a partir de células iPSC derivadas da pele. Embora apresente alguns sintomas similares ao autismo clássico, esse distúrbio afeta quase exclusivamente as garotas e tem uma causa bastante precisa: mutações no gene MeCP2, localizado no cromossomo X, causam a imensa maioria dos casos da doença. Esse gene contém as instruções para a síntese de uma proteí­na, também denominada MeCP2, que é importante para o desenvolvimento do cérebro e atua como uma espécie de chave bioquímica para a regulação de outros genes. Anomalias que afetam a produção dessa proteína acabam alterando o padrão de funcionamento de outros genes. Coincidentemente, no caso dos neurônios derivados de iPSC dos pacientes com síndrome de Rett ficaram constatadas alterações em vias químicas que também dependem do cálcio para serem ativadas, uma disfunção similar à encontrada no paciente brasileiro com autismo. “Pode ser que a proteína MeCP2  seja importante para a regulação da via de cálcio”, diz Muotri.
Rearranjo de cromossomo - No estágio atual dos estudos, é impossível afirmar se o canal de cálcio está implicado em todos os casos de autismo (e de outras desordens neurológicas similares) ou em apenas um pequeno número de manifestações da doença. Especificamente na síndrome de Rett, o quadro é mais simples. A causa genética da doença é conhecida e modelos animais mostram que, se os níveis da MeCP2 forem normalizados, os sintomas da síndrome diminuem. No autismo, a situação é mais complicada e nuançada. Não há apenas um gene ou um grupo de genes associado ao surgimento da doença. São conhecidas algumas alterações genéticas ligadas ao autismo, mas não se sabe quantas mais podem existir. A criança brasileira que forneceu os dentes para o trabalho das equipes da USP e da UCSD, por exemplo, desenvolveu o distúrbio neurológico em razão de uma rara alteração envolvendo segmentos de dois de seus cromossomos. Um trecho da sequência genética normalmente encontrada no cromossomo 3 trocou de lugar com um pedaço do cromossomo 11. Esses chamados rearranjos do carió­tipo, do conjunto de cromossomos de um organismo, podem eventualmente resultar em doenças. “Menos de 5% dos autistas apresentam rearranjos cromossômicos”, diz Karina.
No Centro de Estudos do Genoma Humano, os pesquisadores caracterizaram outros dois casos de autismo devido a esse tipo de anormalidade genética, um com um rearranjo nos cromossomos X e 2 e outro com alteração nos cromossomos 2 e 22. Com o auxílio do pesquisador Matthew State da Universidade de Yale, Karina conseguiu precisar o local exato em que os cromossomos dos três pacientes estudados se romperam. Às vezes, a ruptura se dá no meio da sequência de um gene, que, avariado, perde sua funcionalidade. Se for um gene importante, o problema pode causar distúrbios. “Se encontrarmos mais mutações ou rearranjos genéticos associados ao autismo e a problemas na ativação desse canal de cálcio, a hipótese de que essa via química é realmente importante para o aparecimento da doença ganhará força”, diz Maria Rita. Se a ideia se mostrar correta, os pesquisadores poderão, no futuro, averiguar a ação de fármacos que atuam nessa via química em modelos animais com quadro similar ao autismo ou diretamente em neurônios humanos, derivados de células iPSC. “Podemos tentar desenvolver novos compostos ou mesmo testar moléculas já conhecidas que hoje estão disponíveis nas bibliotecas de drogas das empresas de biotecnologia. O uso de neurônios derivados de iPSC de cada paciente para a triagem de novas drogas é o primeiro passo para uma medicina personalizada”, afirma Muotri.

Mundo vai ter 30 mil genomas decifrados até o fim de 2011

Mundo vai ter 30 mil genomas decifrados até o fim de 2011

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

O ritmo vertiginoso com que os computadores ficam mais rápidos chegou ao mundo do sequenciamento (leitura) de DNA. No ano passado, havia menos de dez genomas humanos decifrados. Quando 2011 terminar, serão mais de 30 mil -por baixo.
A estimativa, considerada conservadora, foi feita pela revista científica "Nature" após ouvir mais de 90 centros de pesquisa genômica mundo afora. Só até o fim deste mês, a conta deve chegar a 2.700 genomas.
Líder em genômica diz que fomos ingênuos sobre potencial de sequenciamento do DNA Flor japonesa pode ter o maior genoma já encontrado, diz cientista
"O preço está cada vez mais baixo, de fato. Com US$ 5.000, US$ 4.000 você já consegue sequenciar um genoma. Daqui a pouco vai custar quinhentão", brinca Sandro José de Souza, biólogo do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (SP) especializado em estudos genômicos.
Um artigo científico na "Nature" desta semana serve como um aperitivo do que está por vir. Um consórcio internacional, o Projeto 1.000 Genomas, coordenado por David Altshuler, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), publica dados do genoma de 179 indivíduos dos cinco continentes.
A batelada de pessoas incluídas na pesquisa tem uma justificativa simples: achar variantes raras de DNA. A questão é que, embora pareça haver um componente genético forte em problemas comuns, como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares, é quase impossível achar genes associados a esse tipo de doença.
Os pesquisadores apostam que isso se deve ao fato de que o risco genético de tais doenças vem de uma miríade de mutações raras, cuja ação se soma e acaba desembocando na tendência hereditária a dado problema.
"Essa, ao menos, é a explicação mais popular para os resultados fracos dos estudos genômicos até agora", escreve Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia em Berkeley, em comentário à nova pesquisa na "Nature".
Comentário:
O consórcio internacional parece ter dado um passo importante para colocar a ideia à prova: eles identificaram 8 milhões de trocas de uma única "letra" química de DNA, até então desconhecidas, bem como 1 milhão de pequenas adições ou inserções de "letras" no genoma.
Ainda não há leituras de genomas inteiros de indivíduos brasileiros, embora já tenha sido sequenciado o DNA de um tipo de tumor.
"O problema ainda é integrar tudo isso com outras informações, envolvendo só os genes que estão ativos, ou o metabolismo do indivíduo, para responder perguntas específicas. O grande gargalo está aí".

sábado, 30 de outubro de 2010

Plástico feito com platas: Boom ambiental ou maldição.

27 de outubro de 2010
Plástico feito com plantas: boom ambiental ou maldição?
Plásticos à base de cana brasileira estão começando a substituir o petróleo
por David Biello
iStockphoto.com / Beata Becla
Problema: o impacto na produção de alimentos
Mais de 2,5 milhões de garrafas de plástico parcialmente elaborado a partir de plantas já estão em uso ao redor de todo o mundo em uma tentativa de substituir o petróleo como o bloco básico da produção do plástico diário. A garrafa chamada “PlantBottle” da Coca-Cola é feita dos açúcares presentes na cana-de-açúcar brasileira e substitui o polietileno tereftalato (PET) -comumente usado em garrafas de várias bebidas. Totalmente recicláveis, as garrafas estrearam em 2009 na Conferência do Clima de Copenhague das Nações Unidas.

O primeiro passo para a produção desse plástico é a fermentação do etanol da cana-de-açúcar no Brasil. Então, o etanol é exportado para a Índia, onde é processado junto ao dietilenoglicol, ou DEG, que compreende cerca de 30% de uma garrafa PET típica. O resto é composto de plástico tradicional e derivado do petróleo. "Essa é a matéria-prima mais sustentável, por enquanto", explica o químico Shell Huang, diretor de pesquisas de embalagens da Coca-Cola. "Nossa meta é fazer o plástico 100% a partir de resíduos vegetais", como a lignina e a celulose presentes nas folhas e bagaço da cana.

Devido à produção desse novo plástico, mais de 70 mil barris de petróleo foram poupados. "Estamos fazendo a PET a partir de um recurso renovável por isso há uma menor produção de carbono, e podemos tirar partido das infraestruturas existentes para reciclá-lo", explica Huang.

Naturalmente, os plásticos à base de plantas apontam para o mesmo problema que os combustíveis à base de plantas, direta ou indiretamente: o impacto sobre a produção de alimentos. Considerando que a fabricação do etanol de cana no Brasil é a energia mais eficiente, o cultivo e a colheita das plantas exigiriam a conversão de grandes áreas em canaviais. "Em longo prazo, isso poderia se tornar um problema", admite Frederic Scheer, presidente da Cereplast, que planeja lançar um produto à base de algas, além de um biopolímero à base de amido, até o fim de 2010. "Você não pode ter acesso a terra, sem criar pressões sobre o sistema alimentar e ao meio ambiente.”

Até agora, os bioplásticos só substituíram cerca de 1% das centenas de bilhões quilos de plásticos no mercado global, de acordo com a Lux Research, embora esse porcentual poderá crescer nos próximos anos. A maioria dos plásticos, como o PLA, não é reciclável, mas sim compostável.

É por isso que a Coca-Cola está trabalhando na direção de uma garrafa de plástico 100% à base de plantas. "Não temos um cronograma definido, mas já fizemos um estudo de viabilidade", diz Huang. "É tecnicamente possível fazer um frasco 100% de material vegetal."

Crise na Física e na Biologia? Artigo Scientific American Brasil setembro 2010

Boa tarde, o artigo a seguir é uma informação muito importante para as pessoas da área.
Crise na Física e na Biologia?
Falta explicar a origem de 96% do material cosmológico e da consciência
por José Maria Filardo Bassalo
Em 27 de abril de 1900, na Royal Institution of Great Britain, o matemático e físico escocês William Thomson, Lorde Kelvin de Lars (1824-1907), fez um discurso que se tornou conhecido e resumido pelos historiadores da ciência nos seguintes termos: “Vejo apenas duas pequenas ‘nuvens’ no sereno céu do conhecimento científi co: o experimento de Michelson-Morley, realizado em 1887, e a discordância entre os valores medidos e os valores teóricos previstos pela termodinâmica para os calores específi cos em baixas temperaturas”.

O discurso foi reproduzido pela Philosophical Magazine – Revista Brasileira de Ensino de Física, com o título de “Duas nuvens ainda fazem sombra na reputação de Lorde Kelvin”. Em dois trabalhos que publiquei (www.searadaciencia.ufc.br/curiosidadesdafisica), escrevi que essas “duas pequenas nuvens” transformaram-se em duas violentas tempestades: 1) A Teoria da Relatividade Restrita de Einstein (1905) e 2) a Teoria Quântica de Planck (1900). Ainda nesses trabalhos, considerei a existência de “outras nuvens” no “sereno céu” da física do fi nal do século 20 que poderão desencadear novas tempestades agora. Uma delas está “ligada à cosmologia, relacionada com a existência da matéria e da energia escuras.” Vejamos a razão disso.

Em 30 de junho de 2001, a Nasa lançou o satélite Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) com o objetivo de examinar algumas anomalias na radiação cósmica de fundo de micro-onda (RCFM), detectada, em 1965, indicando o resquício da “grande explosão” (Big Bang) observada pelo satélite Cosmic Background Explorer (Cobe), lançado em novembro de 1989. Com o término da missão do WMAP, em setembro de 2003, iniciaram-se as análises dos dados que ele enviou. Em março de 2006, a equipe desse satélite anunciou que o nosso Universo tem a idade aproximada de 13,7 bilhões de anos e é composto de 23% de matéria escura, 73% de energia escura e 4% de matéria bariônica, a matéria convencional.

As análises indicaram ainda que a velocidade de expansão do Universo é de 21,8 km/s, por milhão de anos-luz, e que a densidade de sua massa crítica vale Ω = 1,024, o que signifi ca que a geometria do Universo é quase euclidiana (plana). Esses dados, no entanto, não são explicados pelo Modelo Padrão Cos mológico do Big Bang (MPCBB). Esse modelo foi proposto nos anos 40 e desenvolvido entre 1970 e 2000, supondo que o Universo começou com a “explosão” de uma singularidade.

Assim, creio que a não explicação (até agosto passado) de aproximadamente 96% de material cosmológico (matéria e energia) represente uma crise na cosmologia. Em contraposição, a não descoberta do bóson de Higgs (bH), (previsto em 1964), peça fundamental do Modelo Padrão da Teoria das Partículas Elementares (MPTPE) também ampliará a crise da cosmologia, pois é o bH que explica a origem das massas das partículas elementares, sendo estas os componentes da matéria convencional cosmológica observada.

A crise na física referida anteriormente, no meu entendimento, está associada a uma outra, agora na biologia, particularmente na genética. Vejamos como. A Teoria da Evolução formulada por Charles Robert Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913), exposta em 1859, tem como característica básica a evolução do homem em quatro grandes momentos: Homo erectus, Homo habilis, Homo sapiens e Homo sapiens sapiens. Além disso, existe muita controvérsia sobre a evolução do homem a partir dos macacos (principalmente de gorilas e chimpanzés). Mas a grande questão é saber por que o homem é dotado de consciência e os macacos não, considerando que o homem e os chimpanzés e gorilas têm aproximadamente 98% de genes idênticos. A crise na biologia, por intermédio da genética, é explicar se existe algum gene responsável pela consciência humana.

Os genes são segmentos do composto orgânico chamado DNA, molécula armazenadora de instruções que coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os seres vivos. A história dessa molécula começa, em 1869, quando o médico suíço Johann Friedrich Miescher (1844-1895) descobriu uma nova substância localizada no núcleo das células, denominada por ele de nucleína. Em 1889, o patologista alemão Richard Altmann (1852-1900) sugeriu que essa nova substância se chamasse ácido nucleico. Depois de vários estudos sobre os ácidos nucleicos, a estrutura molecular em dupla hélice do DNA foi fi nalmente descoberta, em 1953, pelos biólogos moleculares James Dewey Watson, americano, e Francis Harry Compton Crick, inglês.


Nova pista sobre a origem dos antropoides- Revista Ciência Hoje Online

Nova pista sobre a origem dos antropoides

A descoberta de alguns dos mais antigos fósseis africanos de primatas desse grupo, que reúne macacos e seres humanos, indica, pela diversidade de espécies encontrada, que nossos ancestrais podem ter surgido em outro continente.
Por: Thaís Fernandes
Publicado em 27/10/2010 | Atualizado em 27/10/2010
Nova pista sobre a origem dos antropoides
Fósseis encontrados na África mostram que, há cerca de 39 mil anos, o continente já abrigava diversas espécies de primatas antropoides (arte: Mark A. Klingler/Carnegie Museum of Natural History, Pittsburgh, Pa).
O enigma sobre a origem dos primatas antropoides, grupo que inclui macacos e seres humanos, acaba de ter mais uma pista revelada. A descoberta de alguns dos mais antigos fósseis africanos do grupo põe em cheque a teoria de que a África teria sido o berço dos primatas superiores. A diversidade de espécies encontrada sugere que o continente foi colonizado posteriormente pelos nossos ancestrais, junto com outros mamíferos.
Ainda não há consenso sobre a época e o local de surgimento dos primeiros primatas antropoides. Fósseis encontrados no Egito sustentavam a hipótese de que esse grupo se originou na África durante o período Cretáceo (de 145 milhões e 500 mil a 65 milhões e 500 mil anos atrás). Essa teoria já havia sido questionada após a descoberta de vários antropoides basais na Ásia.
Ainda não há consenso sobre a época e o local de surgimento dos primeiros primatas antropoides
A conclusão é de um estudo publicado esta semana na Nature por uma equipe internacional de pesquisadores liderados por Jean-Jacques Jaeger, do Instituto Internacional de Paleoprimatologia e Paleontologia Humana, Evolução e Paleoambiente (França).
Os novos fósseis descritos pela equipe tiveram a idade estimada em cerca de 39 milhões de anos (período Eoceno médio tardio) e foram encontrados na formação Dur At-Talah, na Líbia central, no norte da África. O mais velho antropoide africano reconhecido até agora teria vivido há cerca de 40 milhões de anos na Argélia.
Formação Dur At-Talah, na Líbia
Vista panorâmica da formação Dur At-Talah, na Líbia central, onde foram encontrados fósseis de alguns dos mais antigos primatas antropoides africanos (foto: MPFL).

Diversidade surpreendente

O achado surpreende pela diversidade de espécies – quatro ao todo, sendo três novas (Karanisia arenula, Afrotarsius libycus e Talahpithecus parvus) e uma já conhecida pela ciência (Biretia piveteaui). Elas pertencem a três diferentes clados (grupo de organismos originados de um único ancestral comum) de antropoides e a um grupo de primatas que tem como atuais principais representantes os lêmures de Madagascar.
Os pesquisadores acreditam que os antropoides podem ter evoluído na Ásia
Segundo os pesquisadores, a explicação mais provável para essa diversidade é que várias espécies de antropoides tenham evoluído e se diversificado em outro continente e depois se dispersado quase simultaneamente em direção à África durante o período Eoceno médio.
“Sem evidência fóssil mais antiga na África, agora estamos olhando para a Ásia como o local onde esses animais evoluíram primeiro”, diz em comunicado à imprensa um dos autores do artigo, Christopher Beard, do Museu Carnegie de História Natural, nos Estados Unidos.
Outra justificativa é que os antropoides tenham surgido na África muito antes do que se imagina. Mas os paleontólogos não acreditam que a aparição repentina de tamanha diversidade de espécies vivendo aproximadamente ao mesmo tempo no norte da África seja fruto de uma lacuna no registro fóssil africano.
Outros sítios do mesmo período já foram bem estudados na região e não apresentaram indícios do surgimento dessas novas espécies.

Tendência de crescimento

Os quatro primatas primitivos descobertos na Líbia eram notavelmente pequenos: o peso dos adultos variava de 120 a 470 gramas. Essa característica reforça a conclusão de que os antropoides surgiram a partir de indivíduos muito pequenos, baseada na análise de um agrupamento de primatas do Eoceno médio encontrado na China.
Segundo os cientistas, essas espécies começaram a ser suplantadas por outras maiores no Eoceno tardio, e essa tendência de crescimento entre os antropoides africanos primitivos continuou no Oligoceno.
Beard diz que, quando esses pequenos antropoides surgiram, a África era um continente isolado e não havia nada que pudesse competir com eles. “Isso leva a um período de divergência evolutiva florescente entre antropoides, e uma dessas linhagens resultou nos humanos”, explica.
“Se nossos ancestrais antropoides primitivos não tivessem obtido sucesso na migração da Ásia para a África, nós simplesmente não existiríamos.”
Além dos primatas descritos no artigo, foram identificados cinco roedores no sítio localizado na Líbia. A equipe destaca agora a necessidade de estudos em outros sítios do Eoceno médio na África e na Ásia para entender melhor esse período pouco documentado da história evolutiva dos primatas.
Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line

The evolution of the marine phosphate reservoir

Publicação da Revista Nature desse mês de outubro, ótimo artigo.

The evolution of the marine phosphate reservoir

Noah J. Planavsky1,2, Olivier J. Rouxel2,3, Andrey Bekker4, Stefan V. Lalonde5, Kurt O. Konhauser5, Christopher T. Reinhard1 & Timothy W. Lyons1
  1. Department of Earth Sciences, University of California, Riverside, California 92521, USA
  2. Department of Marine Chemistry and Geochemistry, Woods Hole Oceanographic Institute, Woods Hole, Massachusetts 02543, USA
  3. Université Européene de Bretagne, European Institute for Marine Studies, Technopôle Brest-Iroise, Place Nicolas Copernic, 29280 Plouzané, France
  4. Department of Geological Sciences, University of Manitoba, Winnipeg, Manitoba R3T 2N2, Canada
  5. Department of Earth and Atmospheric Sciences, University of Alberta, Edmonton, Alberta T6G 2E3, Canada
Correspondence to: Timothy W. Lyons1 Email: timothy.lyons@ucr.edu
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Phosphorus is a biolimiting nutrient that has an important role in regulating the burial of organic matter and the redox state of the ocean–atmosphere system1. The ratio of phosphorus to iron in iron-oxide-rich sedimentary rocks can be used to track dissolved phosphate concentrations if the dissolved silica concentration of sea water is estimated2, 3, 4, 5. Here we present iron and phosphorus concentration ratios from distal hydrothermal sediments and iron formations through time to study the evolution of the marine phosphate reservoir. The data suggest that phosphate concentrations have been relatively constant over the Phanerozoic eon, the past 542 million years (Myr) of Earth’s history. In contrast, phosphate concentrations seem to have been elevated in Precambrian oceans. Specifically, there is a peak in phosphorus-to-iron ratios in Neoproterozoic iron formations dating from ~750 to ~635Myr ago, indicating unusually high dissolved phosphate concentrations in the aftermath of widespread, low-latitude ‘snowball Earth’ glaciations. An enhanced postglacial phosphate flux would have caused high rates of primary productivity and organic carbon burial and a transition to more oxidizing conditions in the ocean and atmosphere. The snowball Earth glaciations and Neoproterozoic oxidation are both suggested as triggers for the evolution and radiation of metazoans6, 7. We propose that these two factors are intimately linked; a glacially induced nutrient surplus could have led to an increase in atmospheric oxygen, paving the way for the rise of metazoan life.
  1. Department of Earth Sciences, University of California, Riverside, California 92521, USA
  2. Department of Marine Chemistry and Geochemistry, Woods Hole Oceanographic Institute, Woods Hole, Massachusetts 02543, USA
  3. Université Européene de Bretagne, European Institute for Marine Studies, Technopôle Brest-Iroise, Place Nicolas Copernic, 29280 Plouzané, France
  4. Department of Geological Sciences, University of Manitoba, Winnipeg, Manitoba R3T 2N2, Canada
  5. Department of Earth and Atmospheric Sciences, University of Alberta, Edmonton, Alberta T6G 2E3, Canada

MECANISMOS DE EXPRESSÃO GÊNICA EM EUCARIOTOS

Está ai um artigo recente publicado pela USP em sua revista, voltada para biologia.
MECANISMOS DE EXPRESSÃO GÊNICA EM EUCARIOTOS

Emerson A. Castilho Martins*, Paulo Roberto Maciel Filho
Departamento de Fisiologia, Instituto de Biociências, USP
Apoio: FAPESP; CAPES; CNPq
Recebido 19out09 / Aceito 14jan10 / Publicação inicial 15abr10
martinseac@gmail.com

Resumo. Com raras exceções, as células de eucariotos pluricelulares apresentam o mesmo material genético. Porém, com o decorrer das fases de desenvolvimento do organismo ou em diferentes tecidos, as exigências metabólicas são diferenciadas, e diferentes genes são ligados e desligados, expressando um conjunto distinto de proteínas. Existem vários mecanismos responsáveis por controlar a ativação e desativação de genes (controle da expressão gênica), em diferentes momentos da vida celular. Apresentamos nesta revisão alguns passos que são passíveis de controle, bem como uma breve descrição e exemplos ilustrativos de mecanismos de regulação de expressão gênica.
Palavras-chave. Controle de expressão, regulação gênica, adaptação fisiológica
MECHANISMS OF GENE EXPRESSION IN EUKARYOTES
Abstract. With rare exceptions, all cells of multicellular eukaryotes have the same genetic material. However, metabolic requirements are different over the stages of their development or in different tissues. These requirements are satisfied by gene expression control in these organisms. In the present review we discuss some steps that are likely to be controlled, and a brief description and examples of mechanisms of gene expression.
Keywords. Expression control, gene regulation, physiological adaptation

Introdução
Basicamente, expressão gênica pode ser descrita como o conjunto de processos que ocorrem para que um organismo, tecido ou célula inicie, aumente, diminua ou cesse a produção de produtos finais de seus genes, prot
eínas e/ou RNAs. No início dos anos 60, o grupo de Nirenberg começou a decifrar o código genético, permitindo correlacionar a sequência de aminoácidos das moléculas proteicas com as sequências de nucleotídeos do RNA mensageiro (mRNA), que por sua vez é determinada pela sequência dos nucleotídeos no DNA. No entanto, os mecanismos e estímulos que levam à produção das diferentes proteínas e RNAs, em diferentes células, são tão importantes quanto a própria sequência codificadora.
Com raras exceções, o material genético dos eucariotos pluricelulares é idêntico em todas as células. Isso decorre do fato de todas serem originadas da única célula-ovo. Os mecanismos de controle de expressão devem, então, começar por aí: as exigências das células, durante seu desenvolvimento, mudam. Consequentemente, os produtos de seu metabolismo devem responder a essas mudanças. Além disso, as células se diferenciarão em diferentes tecidos, que responderão a diferentes estímulos e apresentarão atividades específicas. Com isso, é possível notar quão importante é a regulação gênica.
A molécula de DNA é um polímero de nucleotídeos, unidades essas constituídas de uma molécula de açúcar (desoxirribose), um grupo fosfato e uma base nitrogenada, que pode ser adenina, guanina, timina ou citosina. A molécula é formada por uma fita dupla em hélice, unidas por pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas (Watson e Crick, 1953). Quando analisamos a sequência de bases nitrogenadas de uma fita, encontramos regiões que determinarão a sequência de aminoácidos. Essa região é, portanto, codificante. Como não se conhece produtos (RNA ou proteínas) de uma parte do genoma, se poderia pensar que essas não codificam nada, não têm função. Sabemos, no entanto, que não é o que acontece. Essas sequências são importantes porque nelas encontramos sinais pelos quais é possível regular a expressão, uma vez que apresentam sequências específicas para interação de proteínas que fazem a transcrição (no DNA) ou tradução (no mRNA). Há ainda espaçadores onde a sequência em sí não é importante, mas seu tamanho torna acessível as regiões a serem expressas.

A organização nuclear
O núcleo apresenta um domínio cromossômico com alta concentração de genes, chamado domínio central, e uma região chamada domínio periférico, com concentração menor de genes. Esse tipo de organização, contudo, não é estática, já que há reorganização dos cromossomos nas células de acordo com o nível de expressão dos seus genes (Verschure, 2004). Dessa forma, uma maneira de se controlar a própria expressão seria endereçar o cromossomo em regiões onde seus genes poderiam ser mais ou menos expressos (Singer e Green, 1997; Elias e col., 2002)

Aumentando o número de genes
Um mecanismo que garante o aumento da expressão de um determinado gene é aumentar o número de suas cópias no genoma. Dessa forma, maior quantidade de DNA molde, ao sofrer transcrição, gera uma quantidade maior de mRNA e, consequentemente, da respectiva proteína. Em alguns raros casos, acontece a amplificação gênica: a dupla fita de DNA se abre no gene e em seguida, a DNA polimerase sintetiza as fitas complementares, resultando então em duas duplas-fitas de DNA no local do gene. O processo pode se repetir, obtendo-se o crescimento exponencial do número de cópias do mesmo: de 2 para 4, 8 e assim por diante. A amplificação acontece somente naquelas células e não será transmitida para as gerações futuras. Alguns genes de produção de células foliculares de Drosophila são um exemplo desse tipo de estratégia (Claycomb e col., 2004).
Outro mecanismo que garante o aumento do número de genes é chamado de duplicação gênica. A sequência do gene é incorporada novamente ao genoma ou através de recombinação desigual, na qual o pareamento não é completamente homólogo, fazendo com que parte do cromossomo seja duplicada, ou através da ação de elementos transponíveis ou retrotransponíveis, que podem levar consigo parte da informação do hospedeiro e incorporá-lo em outra parte do genoma. Com isso, a cópia do gene poderá ficar incorporada ao genoma definitivamente. Quando mantida, essa cópia pode mutar, ou manter a estrutura original e ser transmitida aos descendentes. Apresenta a vantagem de conferir maior plasticidade ao organismo. Uma das cópias do gene se mantém sem alterações funcionais enquanto a outra pode sofrer mutações que podem levar ao aparecimento de novas formas da proteína com diferenças funcionais vantajosas ao organismo. Um caso de sucesso é observado em peixes antárticos da espécie Trematomus bernacchii, que apresentam três cópias do gene de pepsina A, decorrentes de dois eventos de duplicação. Esses genes passaram por mutações que geraram três formas diferentes de pepsina, proporcionando melhor funcionamento da digestão dos peixes na temperatura baixa em que vivem (Carginale e col., 2004).

A atividade das polimerases
A transcrição dos genes é catalisada por enzimas chamadas RNA polimerases. Essas enzimas reconhecem sequências no DNA às quais se ligam, chamadas de regiões promotoras, ou simplesmente promotores. No entanto, diferentes complexos proteicos podem estar ligados a esses promotores, interferindo indiretamente na expressão de genes.
Os genes que codificam o RNA ribossômico (rRNA), o RNA que constitui o ribossomo, organela responsável pela tradução, são transcritos pela enzima RNA polimerase I, comumente chamada de RNA polI. Essa enzima apresenta uma série de fatores das quais seu funcionamento depende, e a presença desses conhecidamente altera a sua atividade. Além disso, alguns desses fatores são capazes de reconhecer sequências à montante do sítio de ligação da enzima - região conhecida como Espaçador Intergênico (IGS) - fazendo com que a eficiência da atividade enzimática aumente na presença de sequência específica na região não transcrita anterior ao sítio promotor (de Andrade Stempliuk e Floeter-Winter, 2002).
Sabe-se ainda que essa enzima apresenta associação com as proteínas motoras actina e miosina nucleares, o que interfere no funcionamento da mesma. A miosina nuclear participa do início da transcrição, enquanto a actina participa do elongamento do transcrito. No entanto, aparentemente o processo não depende de atividades motoras dessas proteínas, já que se consegue observar a importância das mesmas tanto in vitro quanto in vivo (Philimonenko e col., 2004).
Os mRNA são transcritos pela RNA polimerase II, chamada de RNA polII. Essa enzima também apresenta fatores ligados a ela que permitem sua atividade. Além disso, é fato conhecido, a interferência na atividade da RNA polII por proteínas que se ligam à montante do promotor e podem aumentar ou diminuir sua atividade (Kadonaga, 2004).

Splicing
Chamamos de "splicing" o processamento do pré-mRNA em que sua sequência é alterada, seja pela retirada de partes da molécula, seja pela adição de sequências específicas. No primeiro caso, denominamos de "cis-splicing" ou somente "splicing", porque todo o processo envolve uma única molécula. Quando se adiciona uma sequência transcrita a partir de outro gene a um pré-mRNA, denominamos o processo de "trans-splicing" (Alberts e col., 2002).

Cis-splicing
Durante a transcrição, ainda no núcleo, um complexo chamado spliceossomo liga-se ao pré-mRNA. Esse complexo lê a sequência do pré-mRNA e, caso encontre marcações para isso, retira parte da molécula, liga a parte anterior ao resto da mesma e continua o processo. As partes retiradas são chamadas de íntrons, enquanto que as regiões que farão parte do mRNA maduro e que, portanto, serão expressas, são chamadas de exons. As marcações para a retirada de íntrons são bastante variáveis, embora apresentem algumas características conservadas. Essa variabilidade confere ao sistema uma maior plasticidade de ação no processamento do mRNA (Abril e col., 2005).
Por algum tempo, acreditou-se que os íntrons não continham informações, e que faziam parte de resquícios evolutivos que perderam a função com o tempo. No entanto, hoje se reconhece que esse pensamento era equivocado: é sabido que a expressão pode depender da presença de íntrons, e ainda que esses íntrons têm sítios de ligação para reconhecimento indireto de condições ambientais. É o caso, por exemplo, do gene para a produção de arylalkylamina N-acetiltransferase (AA-NAT), que controla a produção do hormônio melatonina. Uma região no íntron 1 desse gene apresenta sítio de ligação de um elemento responsivo a AMP cíclico (AMPc). Esse elemento é chamado de CREB e aumenta a tradução do mRNA quando ocorre um aumento do AMPc, ou seja, quando a célula é estimulada. Quando estímulos chegam às células da glândula pineal, ocorre um aumento do AMPc, que permitirá a ligação do CREB no íntron 1 e levará a um aumento de mais de 5 vezes na quantidade de melatonina produzida na glândula. O mesmo efeito é muito diminuído com a retirada do íntron 1, como ocorre nas outras células do corpo (Baler e col., 1999). Com isso, a glândula pineal pode regular a produção de melatonina por responder de maneira indireta à presença de luz, o que torna possível regular o ritmo circadiano através de condições luminosas do ambiente.

Acoplamento de fatores de transcrição
Outra característica interessante da RNA polII é a presença de estruturas que permitem o acoplamento de fatores que agirão pós-transcrição, chamados fatores de processamento do RNA. Esse processamento transforma o mRNA recém transcrito em mRNA maduro, sem introns, com cauda de poli-A e CAP, que ajudam a manter a molécula mais estável. O CAP é uma guanidina metilada adicionada na extremidade 5' do mRNA, e a cauda de poli-A é a adição de dezenas de adenosinas na extremidade 3' da molécula (Alberts e col., 2002). A estrutura da RNA polII aumenta a eficiência de todos esse processos porque concentra os fatores necessários para o processamento próximo ao local da transcrição (Maniatis e Reed, 2002; Zorio e Bentley, 2004).

Splicing alternativo
O número de genes encontrado no genoma humano foi estimado em cerca de 25.000 genes, no entanto, esses guardam informações para a produção de um número muito maior de proteínas (Venter e col., 2001). Uma das explicações para essa discrepância está na flexibilidade dos sítios de reconhecimento de "splicing", o que permite ao sistema de processamento a criação de diferentes formas de proteínas a partir de uma mesma sequência de DNA. É o evento chamado "splicing" alternativo. Segundo Sharp (2009), mais da metade do DNA de células de vertebrados é expresso segundo diferentes formas de "splicing". É o caso, por exemplo, da imunoglobulina M, que, em peixes, tem a sequência de DNA expressa em linfócitos B no início de desenvolvimento sob a forma de proteína de membrana, enquanto que nos linfócitos B maduros o gene é expresso sob a forma de proteínas plasmáticas. (Wilson e col., 1995). Outro exemplo conhecido é a expressão do gene de beta-tropomiosina do músculo esquelético, que ocorre de maneira diferenciada em fibroblastos e músculo liso por meio de "splicing" alternativo (Helfman e col., 1988).
O "splicing" alternativo também pode ser a chave para processos patológicos, dando origem a transcritos que não são funcionais ou tem função exacerbada. É o caso, por exemplo, do insulinoma humano, onde o mRNA da insulina apresenta como variante de "splicing" uma forma com a inclusão de parte do primeiro íntron na região 5`UTR. Com isso, tanto o RNA sem o íntron, variante mais comum, quanto o RNA com o íntron darão origem à mesma proteína viável, no entanto, a variante do mensageiro da insulina com a parte do íntron 1 é traduzida mais vezes do que a variedade nativa. Em células pancreáticas normais, a quantidade de variante com íntron não chega a 0,5%. No entanto, em insulinomas, as células do tumor aumentam significativamente a porcentagem de variantes do mensageiro com o íntron 1, chegando a produzir mais de 13% dos mRNA de insulina com o íntron conservado. Com isso, essas moléculas, por serem mais traduzidas, acabam gerando muito mais insulina por célula, gerando o quadro de hiperinsulinemia e, consequentemente, hipoglicemia (Minn e col., 2004).

Trans-splicing
O "trans-splicing" consiste na união de exons de diferentes transcritos em um único mRNA. Alguns organismos apresentam transcrição policistrônica, isto é, apresentam um promotor no cromossomo e em seguida a ele diversos genes. Esses organismos precisam, então, individualizar a informação, ou seja, processar o pré-mRNA em RNA com informação para a síntese de proteína. Assim, o "trans-splicing" permite a formação desses mRNA maduros. Esse tipo de "trans-splicing" é conhecido como SL "trans-splicing", porque adiciona uma sequência líder (SL) no início dos mRNA. Essa sequência vem acompanhada do CAP, o que permite a proteção dessas moléculas altamente instáveis. Esse mecanismo é responsável pelo controle de expressão em organismos com transcrição policistrônica, quando a individualização da informação só é possível com a adição da sequência SL. Embora o mecanismo seja comum em protozoários, o processo é também encontrado em metazoários, como em cnidários, platelmintos, nemátodes, insetos e inclusive em mamíferos (Mayer e Floeter-Winter, 2005).

Edição de RNA
Outro processo pós-transcricional é a edição do RNA, também chamado de RNA editing. O processo consiste na modificação do transcrito, e foi descrito em protozoários cinetoplastídeos. Esses organismos apresentam uma única mitocôndria, com seu material genético organizado na forma circular, concatenados em minicírculos e maxicírculos. Os maxicírculos contém a informação primária para a produção das proteínas mitocondriais, enquanto que os minicírculos codificam os chamados gRNA, que se associados aos transcritos dos maxicírculos e, junto com uma maquinaria chamada editiossomo, farão o processo de edição.
Basicamente, esse processo consiste na inserção e ocasionalmente na retirada de uridinas (U) dos pré-mRNA ou na troca de uma citidina (C) por uridina. Essas alterações provocam, muitas vezes, a alteração da fase de leitura do RNA, de forma que apenas os mRNA que passarem por esse editing serão lidos corretamente. Com isso, as moléculas de mRNA formadas são, na verdade, híbridos de sequência transcritas a partir de DNA de maxicírculos com sequências transcritas dos minicírculos (Simpson e col., 2000).

Estabilidade do mRNA
As moléculas de mRNA apresentam, como citado, estruturas nas extremidades 5' e 3' não traduzidas que aumentam sua estabilidade. No entanto, há uma ciclagem dessas moléculas na célula, através de degradação controlada por marcas presentes na própria molécula. Dentre os mecanismos para degradação, encontramos complexos enzimáticos capazes de detectar RNA dupla-fita. Esses complexos reconhecem as duplas-fitas de RNA e as cortam em fragmentos com aproximadamente 21 bases. Esses fragmentos são, então, usados como moldes na detecção de moléculas complementares de RNA. Quando uma molécula de mRNA se hibrida a esses fragmentos, ocorre sua degradação. Com isso, é possível inibir a expressão de um gene através da expressão de sua sequência complementar. Esse processo vem sendo explorado atualmente para o knockdown de genes em fases específicas do organismo (Fjose e col., 2001; Shoji e col., 2005).

Considerações finais
A disposição de se obter o sequenciamento do genoma humano estava baseada na ideia de que o conhecimento do conjunto de bases que compõem o DNA humano seria revelador de grande parte de seu funcionamento. Com o anúncio da composição do genoma, no entanto, se percebeu que, na verdade, a complexidade fisiológica envolvia muito mais do que apenas a predição de produtos codificados na sequência de bases. A regulação da expressão desses produtos e o entendimento da relação dos produtos e mecanismos alternativos associados à regulação são os pontos que fazem dos seres vivos em geral, incluindo o homem, organismos com diversos níveis de organização e complexidade.
Cada vez mais se reconhece a importância de diversas regiões do genoma, de sistemas enzimáticos de controle de transcrição e tradução e de sistemas pós-transcricionais de edição. Conceitos como o DNA “lixo”, de que sequências não codificadoras seriam apenas resquício evolutivo sem função nenhuma, estão, senão acabando completamente, ao menos diminuindo em grande escala com relação ao que se acreditava ainda há poucos anos, e o estudo da expressão gênica vem contribuindo para entendermos processos fisiológicos e suas variantes patológicas.

Bibliografia
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RJ tem 43 casos de superbactéria em hospitais estaduais, diz Secretaria

-Autoridades da saúde pública do rio, dizem que não é motivo para alardes, contaminação é mais restrita ao ambiente hospitalar. Mas pessoas contaminadas tem livre acesso a população. 

RJ tem 43 casos de superbactéria em hospitais estaduais, diz Secretaria

'Não há motivos para alarde', diz superintendente da Secretaria de Saúde.
Contaminação é mais restrita ao ambiente hospitalar.

 

Bernardo Tabak Do G1 RJ

O estado do Rio de Janeiro tem 43 casos de pacientes infectados pela superbactéria KPC em hospitais estaduais. A informação é do superintendente de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Secretaria estadual de Saúde, Alexandre Chieppe. O número se refere ao período de janeiro a outubro de 2010, e já representa um aumento de quase 35% em relação a todo o ano de 2009, quando foram confirmados 32 casos de infecção por KPC.
“Mas, até o momento, não há motivos para alarde”, afirma o superintendente. “É claro que as bactérias super-resistentes são muito preocupantes, mas o surgimento delas não é novidade. Fora do ambiente hospitalar, não vejo nenhuma preocupação com relação à superbactéria”, acrescenta Chieppe.
Ainda de acordo com o superintendente, a contaminação pela superbactéria não ocorre por via respiratória, mas apenas pelo contato direto com um indivíduo portador da KPC. Entretanto, é possível que a pessoa possua a superbactéria no organismo e não desenvolva doenças a partir dela. “O perfil de sensibilidade à KPC pode variar de acordo com a pessoa. Pessoas em estágios pós-operatórios, com sistema imunológico debilitado, ou ainda com estado de saúde grave provocado por outras questões, podem desenvolver infecção provocadas pela KPC”, explica Chieppe.
Para o superintendente, ninguém deve mudar os hábitos ou deixar de procurar hospitais, mas todos devem se preocupar em fazer uma boa higiene das mãos e evitar a automedicação. “A população deve ficar tranquila”, frisa Chieppe. “Lavar a mão com água e sabão já está bom, mas se a pessoa puder fazer uso do álcool em ambientes hospitalares, é melhor ainda. E é muito importante que as pessoas não tomem antibióticos indiscriminadamente, mas apenas com orientação médica”, conclui o superintendente.
 

 

Nações firmam pacto no Japão para dividir riqueza genética da natureza

Boa Tarde. Trago boas noticias, parece que lideres mundial já estão concientizados na importância de utilizar novas tecnologias para concervação. Agora é só por em prática!!!


29/10/2010 14h26 - Atualizado em 29/10/2010 16h04

Nações firmam pacto no Japão para dividir riqueza genética da natureza

Encontro sobre biodiversidade em Nagoya terminou nesta sexta-feira (29).
Meta é proteger 17% das áreas terrestres e 10% das marinhas até 2020.

A agência de noíticas Reuters informou que delegados de quase 200 países reunidos na cidade japonesa de Nagoya chegaram nesta sexta-feira (29) a um consenso sobre a delicada questão do acesso aos recursos genéticos dos países em desenvolvimento - ricos em uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, mas que não aproveitam, ou pouco aproveitam, os benefícios econômicos que elas geram.
Com o protocolo sobre Acesso e Partilha de Benefícios (ABS, na sigla em inglês), o dinheiro resultante da venda de produtos baseados em genes do "reservatório de biodiversidade" dos países do Sul - animais, plantas, micro-organismos - seja dividido entre quem pesquisa, desenvolve e comercializa e o país em que o recurso foi identificado e explorado. A meta é, basicamente, conter a biopirataria.
“Protocolo de Nagoya” será o nome de batismo da regulamentação internacional sobre uso de recursos genéticos da biodiversidade aprovada na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).
Em negociações há oito anos, o protocolo ABS havia sido fortemente reivindicado por países em desenvolvimento. "É um sonho que todos os países tinham em mente há muito tempo", comemorou o ministro japonês do Meio Ambiente, Ryu Matsumoto, que presidiu os debates.
Outro plano de metas
Outro objetivo da conferência foi definir metas para proteger a biodiversidade até 2020, embora os países já tenham descumprido a meta de 2010.
Hoje só 13% dos ecossistemas terrestres estão protegidos. No caso dos oceanos, áreas de preservação não chegam a 1%. Os Estados signatários da CDB assumiram o compromisso de proteger até 2020 17% das áreas terrestres e 10% das áreas marinhas do planeta.

Artigo: www.g1.com.br/ciencia


 

1° postagem do blog

Esta é a 1°postagem do blog. 
Espero que vcs possam
encontrar o que vcs proucurão.
abraços sejam bém vindos.