terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pesquisa identifica 5 novas espécies de lagartos no P

Estudo elevou ao status de espécie animais antes tidos como subespécies.
Pesquisadora avaliou morfologia e cor dos lagartos para concluir o estudo.
Do Globo Amazônia, em São Paulo.

A conclusão de um estudo no Pará levou à descoberta de 5 novas espécies de lagartos do grupo Anolis chrysolepis. A partir da análise da pesquisadora Annelise D'Angiolella, feita em parceria pelo Museus Paraense Emílio Goeldi e pela Universidade Federal do Pará, os animais deixaram de ser considerados como subespécies e foram elevados ao status de espécies.

A pesquisadora avaliou dados moleculares e morfológicos dos animais para chegar à conclusão. Estudou, por exemplo, a quantidade de escamas, a cor do papo e o tamanho do corpo dos lagartos para determinar as novas espécies.

Foto: Museu Goeldi/ Divulgação

Espécie do grupo Anolis encontrada na Colômbia, Brasil, Equador e Peru. (Foto: Goeldi/ Divulgação)



No total, foram analisadas 359 exemplares de animais, entre répteis e anfíbios, para identificar diferenças e semelhanças na classificação taxonômica. De acordo com a pesquisadora, a Amazônia é o "berço" desse tipo de lagarto, cujo grupo é reconhecido por ter cabeça curta e papo pequeno ou médio.

Dependendo da espécie, os animais se distribuem na Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, além do Amazonas, do Mato Grosso, do Acre, do Amapá e do Pará, no Brasil. Fora do bioma amazônico, também podem ocorrer em estados do Nordeste e do Centro-Oeste.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Para elucidar doenças mentais, pesquisadores estudam "história de vida" dos genes

BENEDICT CAREY
DO "THE NEW YORK TIMES* 


Por décadas, pesquisadores exploraram a linhagem genética de pessoas com doença mental em busca de variações comuns que causam condições devastadoras para o desenvolvimento de doenças como esquizofrenia e transtorno bipolar. Essa busca, entretanto, não tem surtido tanto efeito. Embora os transtornos possam envolver problemas genéticos, nenhum padrão emergiu.
Diante desse quadro, os cientistas passaram a direcionar o foco em um campo mais promissor: a epigenética (estudo de como a experiência e o ambiente afetam o funcionamento dos genes). 
Os genes são muito mais que máquinas de proteínas, bombeando seu produto como uma pipoqueira. Muitos carregam o que na verdade são anexos químicos: compostos que agem na molécula de DNA que regulam quando, onde e que quantidade de proteína é produzida, sem alterar a receita em si. Estudos sugerem que esses marcadores adicionais, ou epigenéticos, se desenvolvem à medida que um animal se adapta a seu ambiente, seja no útero da mãe ou no mundo --e os marcadores podem afetar profundamente o comportamento.
Em estudos realizados com roedores, pesquisadores mostraram que a maternidade carinhosa altera a expressão dos genes, permitindo que os animais amorteçam sua resposta fisiológica ao estresse. Esse aspecto biológico é então transmitido para a geração seguinte: roedores e primatas não humanos biologicamente e mais hábeis em lidar com o estresse tendem a proteger mais sua própria cria --acredita-se que o sistema funcione de forma parecida com os humanos.
Da mesma forma, os marcadores epigenéticos podem atrapalhar o desenvolvimento normal: a cria de pais que passaram fome possui risco maior de desenvolver esquizofrenia, de acordo com algumas pesquisas --talvez devido à assinatura química nos genes que os pais transmitem.
Outro estudo recente encontrou evidências de que, em algumas pessoas com autismo, os marcadores epigenéticos tinham silenciado o gene que produz o receptor para o hormônio oxitocina. A oxitocina lubrifica os circuitos sociais do cérebro e é essencial para a solidificação de relacionamentos. Um indivíduo cujo cérebro não tem receptores suficientes para a oxitocina teria grande probabilidade de apresentar problemas sociais.
Pelo menos um grupo de pesquisadores argumenta que os marcadores químicos ajudam a resolver uma competição biológica entre genes maternos e paternos no desenvolvimento do feto. Na visão tradicional da reprodução, os genes da mãe e do pai trabalham juntos como colaboradores, compartilhando os deveres de gerar uma nova vida.
NOVA TEORIA
No entanto, uma nova teoria sustenta que os genes estão na verdade competindo, em vários momentos ao longo do genoma do feto, que está se formando. Se o sistema dá problema e o desenvolvimento cerebral se inclina exageradamente para o pai, o resultado pode ser autismo, de acordo com esses cientistas; se a inclinação é exagerada para o lado materno, a criança pode desenvolver transtornos de humor.
"Grande parte dos sistemas de modelo que estudamos sugere que as modificações epigenéticas influenciam o comportamento e que esses efeitos podem ser revertidos", disse Thomas Lehner, chefe da área de pesquisa genômica do Instituo Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos.
Ao estudar os genes no nível "epi", os cientistas esperam descobrir padrões que eram elusivos no nível dos genes --e o ideal é encontrar alvos para tratamentos calibrados que não desativariam simplesmente os genes errantes, mas gradualmente modificariam sua atividade, como o ajuste de uma balança.
O Instituto Nacional de Saúde está patrocinando cerca de cem estudos que procuram a relação entre marcadores epigenéticos e problemas comportamentais, incluindo abuso de substâncias, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e esquizofrenia.
Em um grande estudo com pessoas com esquizofrenia, pesquisadores da Johns Hopkins analisam sangue e outros dados para verificar se o grau de variação epigenética está relacionado ao risco herdado de desenvolver o transtorno. Em outro, pesquisadores da Tufts estudam os genes de animais dependentes de opiáceos (derivados de ópio) para verificar como as alterações epigenéticas causadas pela exposição à droga afetam a sensitividade a opiáceos das crias dos animais.
Outros pesquisadores tentam determinar se áreas do genoma que mostram grandes mudanças epigenéticas podem ajudar a revelar genes que contribuem para o desenvolvimento de transtornos mentais.
Lehner observa que esses estudos são custosos e que as descobertas podem ser tão difíceis de decifrar quanto os estudos dos próprios genes. Porém, especialistas concordam que qualquer esforço para compreender como os genes afetam o comportamento deve considerar como a experiência afeta os genes.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cientistas brasileiros consertam 'neurônio autista' em laboratório

O biólogo molecular e colunista do G1 Alysson Muotri e cientistas brasileiros conseguiram transformar neurônios de portadores de um tipo de autismo conhecido como Síndrome de Rett em células saudáveis. Trabalhando nos Estados Unidos, os pesquisadores mostraram, pela primeira vez, que é possível reverter os efeitos da doença no nível neuronal, porém os remédios testados no experimento, realizado em laborátorio, ainda não podem ser usados em pessoas com segurança.
Muotri, pós-doutor em neurociência e células-tronco no Instituto Salk de Pesquisas Biológicas (EUA) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, trabalhou com os também brasileiros Cassiano Carromeu e Carol Marchetto. O estudo sai na edição de sexta-feira (12) da revista científica internacional “Cell”.
Assista ao vídeo ao lado com explicações do próprio cientista.
Para analisar diferenças entre os neurônios, a equipe fez uma biópsia de pele de pacientes autistas e de pessoas sem a condição. Depois, reprogramou as células da pele em células de pluripotência induzida (iPS) – idênticas às células-tronco embrionárias, mas não extraídas de embriões. “Pluripotência” é a capacidade de toda célula-tronco de se especializar, ou diferenciar, em qualquer célula do corpo.
A reprogramação genética de células adultas é feita por meio da introdução de genes. Eles funcionam como um software que reformata as células, deixando-as como se fossem de um embrião. Assim, as iPS também podem dar origem a células de todos os tipos, o que inclui neurônios.
Como os genomas dessas iPS vieram tanto de portadores de autismo como de não portadores, no final o trio de cientistas obteve neurônios autistas e neurônios saudáveis.
Comparação, conserto e limitações
Comparando os dois tipos, o grupo verificou que o núcleo dos neurônios autistas e o número de “espinhas”, as ramificações que atuam nas sinapses – contato entre neurônios, onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos de uma célula para outra – é menor.

Identificados os defeitos, o trio experimentou duas drogas para “consertar” os neurônios autistas: fator de crescimento insulínico tipo 1 (IGF-1, na sigla em inglês) e gentamicina. Tanto com uma substância quanto com a outra, os neurônios autistas passaram a se comportar como se fossem normais.
“É possível reverter neurônios autistas para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente”, diz Muotri, que escreve no blog Espiral. “Isso é fantástico, traz a esperança de que a cura é possível. Além disso, ao usamos neurônios semelhantes aos embrionários, mostramos que dá para fazer isso antes de os sintomas aparecerem.”
Os resultados promissores, porém, configuram o que é chamado no meio científico de “prova de princípio”. “Mostramos que a síndrome pode ser revertida. Mas reverter um cérebro inteiro, já formado, vai com certeza ser bem mais complexo do que fazer isso com neurônios numa placa de petri [recipiente usado em laboratório para o cultivo de micro-organismos]”, explica o pesquisador.
Entre as barreiras que impedem a aplicação prática imediata da descoberta está a incapacidade do IGF-1 de chegar ao alvo. “O fator, quando administrado via oral ou pela veia, acaba indo muito pouco ao cérebro. Existe uma barreira [hematocefálica] que proteje o cérebro, filtrando ingredientes essenciais e evitando um ataque viral, por exemplo. O IGF-1 é uma molécula grande, que acaba sendo filtrada por essa barreira”, afirma Muotri. “Temos de alterar quimicamente o IGF-1 para deixá-lo mais penetrante.” Além disso, tanto o fator quanto a gentamicina são drogas não específicas, portanto causariam efeitos colaterais tóxicos se aplicadas em tratamentos com humanos.
'É possível reverter neurônios autistas para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente', diz Alysson Muotri"É possível reverter neurônio autista para um estado
normal, ou seja, o estado autista não é permanente",
diz Alysson Muotri. (Foto: cortesia UC San Diego)
Síndrome de RettO foco do estudo foi a chamada Síndrome de Rett, uma doença neurológica que faz parte do leque dos autismos. “Leque” porque o autismo não é uma doença única, mas um grupo de diversas enfermidades que têm em comum duas características bastante conhecidas: deficiências no contato social e comportamento repetitivo.
No caso dos portadores de Rett, há um desenvolvimento normal até algo em torno de seis meses a um ano e meio de idade. Mas então começa uma regressão. Além das características autistas típicas, neste caso bem acentuadas, eles vão perdendo coordenação motora e rigidez muscular.
Essa síndrome foi escolhida para o trabalho de Muotri, Carromeu e Marchetto porque tem uma causa genética clara – mutações no gene MeCP2 – e porque afeta os neurônios de forma mais acentuada, facilitando comparações e verificações de reversão.
“Talvez a implicação mais importante desse nosso trabalho é o fato de que os neurônios derivados de pessoas com autismo mostraram alterações independentemente de outros fatores. Isso indica que o defeito foi autônomo. Por isso, esse dado deve contribuir para reduzir o estigma associado a doenças mentais”, comemora Muotri. “Você não fica autista porque sua mãe não te deu o amor necessário ou porque seus pais foram ruins.”
Utilidade das iPS
Lygia da Veiga Pereira, doutora em Ciências Biomédicas e chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) da USP, saudou a pesquisa: "É mais um trabalho que mostra a enorme utilidade das células iPS, não como fonte de tecido para terapia celular, mas como modelo para pesquisa básica, para entender os mecanismos moleculares por trás de diferentes doenças que tenham forte base genética."

Lygia faz uma ressalva sobre as características muito específicas da Síndrome de Rett. Como a disfunção é exclusivamente associada a uma mutação genética, ficam de fora os fatores ambientais que desencadeiam o autismo.
Ainda segundo a especialista, os resultados obtidos por Muotri também realçam "o que brasileiros podem fazer trabalhando com infraestrutura e agilidade para conseguir reagentes, por exemplo, e interagindo com uma comunidade científica de grande massa crítica".

Bióloga transexual contraria tese de Darwin sobre seleção sexual

Apesar de não concordar com o modo em que essa teoria foi exposta no artigo abaixo, continuarei com o meu objetivo de publicar noticias do mundo das ciências biológiacas de forma imparcial.


Em sua primeira visita ao Brasil, a bióloga americana Joan Roughgarden, 64, professora da Universidade Stanford e referência em estudos sobre homossexualidade no mundo animal, atacou a teoria de seleção sexual de Charles Darwin.
Para a cientista, que em 1998 fez uma cirurgia de mudança de sexo e deixou de se chamar Jonathan para virar Joan, Darwin estava "profundamente equivocado" ao descrever padrões rígidos de distinção entre os sexos.
O conceito de seleção sexual é um dos componentes da teoria da evolução.
Daniel Deak/Divulgação
Para cientista, que fez operação de mudança de sexo em 1998, existe gradação entre machos e fêmeas na natureza
Para cientista, que fez operação de mudança de sexo em 1998, existe gradação entre machos e fêmeas na natureza
Darwin diz que as fêmeas, por gastarem mais tempo e energia com a criação da prole, tendem a ser mais recatadas, escolhendo os parceiros rigidamente, muitas vezes com base em características físicas exageradas -as caudas dos pavões ou os chifres dos veados, por exemplo.
Tais traços serviriam, para as fêmeas, como indicador de qualidade genética, enquanto os machos tenderiam a ser mais promíscuos.
Roughgarden se opõe a isso e afirma que não há um padrão rígido de comportamento para machos e fêmeas. Haveria, na realidade, várias gradações entre o feminino e o masculino. 
RELAÇÃO MACHO E FÊMEA
Ela cita várias pesquisas indicando que, na natureza, nem mesmo a relação entre macho e fêmea pode ser considerada padrão.
"Há mais de 300 espécies de vertebrados com registro de homossexualidade. Um terço dos peixes de recifes de coral pode trocar de sexo durante a vida. A seleção sexual não explica isso", diz.
No lugar do conceito de Darwin, Roughgarden propõe a teoria de "seleção social". Além de compreender as várias gradações entre os gêneros, a teoria afirma que, na natureza, é comum haver sexo sem fins reprodutivos.

Editoria de Arte/Folhapress
Como exemplo, ela cita os bonobos, primatas africanos que usam sexo como forma de integração e interação social, além de outros bichos.
Lançado há um ano, seu último livro, "The Genial Gene", aprofunda as críticas. Um dos principais alvos é o zoólogo Richard Dawkins, ex-professor da Universidade de Oxford e defensor da visão darwinista clássica. Para a bióloga, Dawkins e outros dão peso excessivo à competição no processo evolutivo.
Ela acusa as universidades britânicas de ignorar qualquer indício de erros na teoria da seleção sexual.
"Charles Darwin é um herói nacional. Por isso, admitir que existe uma falha no seu raciocínio tem um significado enorme. É como se estivessem desmoralizando a nação", afirmou.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Estudo liga uso de analgésicos na gravidez a malformações em meninos

O uso prolongado de paracetamol e outros analgésicos durante a gravidez pode trazer riscos à saúde de bebês meninos, segundo especialistas.
Um estudo feito por cientistas da Dinamarca, Finlândia e França vinculou a ingestão desses medicamentos a um maior número de nascimentos de bebês com criptorquidia.
Bebês que nascem com esse distúrbio - também conhecido como testículo ectópico - apresentam o testículo escondido ou fora do lugar.
A criptorquidia está associada à infertilidade e ao câncer no final da vida.
De maneira geral, a orientação médica para mulheres grávidas é que, quando possível, evitem tomar analgésicos.
O novo estudo, publicado na revista científica Human Reproduction, levou especialistas a pedir que mais pesquisas sobre o assunto sejam feitas o quanto antes.
Eles recomendaram às mulheres grávidas, no entanto, que o uso de analgésicos para uma dor de cabeça ocasional não deve causar mal ao bebê.
O serviço nacional de saúde britânico, o NHS, aconselha que mulheres evitem tomar remédios durante a gravidez, mas permite o uso do paracetamol em doses pequenas e durante períodos curtos para aliviar a dor.
Mais de a metade das mulheres grávidas na Europa e nos Estados Unidos admitiram tomar analgésicos moderados.
Estudo
Mais de duas mil mulheres grávidas e seus filhos participaram do novo estudo.
Os pesquisadores concluíram que as mulheres que usaram mais de um analgésico simultaneamente, como por exemplo o paracetamol e o ibuprofeno, apresentaram sete vezes mais riscos de ter filhos com algum tipo de criptorquidia do que as mulheres que não tomaram nenhum analgésico.
O segundo trimestre, de 14 semanas a 27 semanas de gestação, pareceu ser um período particularmente sensível.
Riscos Maiores
O uso de qualquer analgésico nessa fase da gravidez foi associado a um risco dobrado de nascimentos com criptorquidia.
Outros tipos de analgésicos, como o ibuprofeno e a aspirina, foram vinculados a riscos quatro vezes maiores.
O paracetamol usado sozinho também pareceu aumentar os riscos, mas o resultado foi pouco significativo em termos estatísticos.
O uso simultâneo de mais de um analgésico, incluindo o paracetamol, durante o segundo trimestre da gravidez, aumentou os riscos 16 vezes.
Tomar analgésicos por mais de duas semanas também pareceu aumentar os riscos significativamente.
Os pesquisadores suspeitam de que analgéscos interferem na atividade natural dos hormônios masculinos em fetos de meninos, atrapalhando seu desenvolvimento normal.
Estudos feitos em ratos parecem reforçar essa teoria.
O cientista Henrik Leffers, do Rigshospitalet, em Copenhague, liderou o estudo.
- A exposição a perturbadores endócrinos é o mecanismo por trás de um aumento em problemas reprodutivos entre jovens do sexo masculino no mundo ocidental- disse Leffers.]
- Esse estudo sugere que atenção particular deve ser dada ao uso de analgésicos suaves durante a gravidez, já que isso pode ser uma razão importante desses problemas.
Apesar de algumas limitações do estudo - por exemplo, algumas mulheres podem não ter lembrado com precisão o número de vezes que tomaram analgésicos - os pesquisadores dizem que suas descobertas indicam que o tipo de aconselhamento dado a mulheres grávidas quanto ao uso de analgésicos deve ser reconsiderado.
Eles solicitaram que sejam feitas mais pesquisas sobre o assunto.
Repercussão
Allan Pacey, especialista em andrologia da Universidade de Sheffield, no norte da Inglaterra, disse: "Há algum tempo os cientistas se preocupam com a possibilidade de que a exposição da mãe a substâncias químicas durante a gravidez cause problemas de reprodução em bebês meninos".
- Entretanto, há relativamente poucos exemplos concretos e muito do trabalho feito até hoje é de fundo teórico.
- Isto torna esses estudos um tanto quanto alarmantes, já que eu divido que alguém suspeitasse de que analgésicos comuns pudessem ter esses efeitos - disse Pacey.
- Claramente, é prioritário que mais pesquisas sejam feitas.
O médico Basky Thilaganathan, da Faculdade Real de Obstetrícia e Ginecologia da Grã-Bretanha, disse que as revelações precisam ser interpretadas com cuidado.
Ele explicou: "o estudo mostra uma associação em vez de uma relação causal. É possível as mães tenham tomado esses analgésicos por causa de alguma doença, por exemplo, uma infecção viral, durante a gravidez. Essa (infecção viral) pode ter sido a causa real dos problemas."
A criptorquidia afeta um em cada 20 meninos na Grã-Bretanha.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Estudo oferece novas pistas para vacina contra o vírus da Aids

Estudo oferece novas pistas para vacina contra o vírus da Aids

Aminoácidos da proteína HLA-B podem elucidar resistência ao HIV.
Trabalho foi publicado na revista 'Science'.

Da Reuters

Ligeiras diferenças em cinco aminoácidos numa proteína chamada HLA-B podem explicar o motivo pelo qual certas pessoas resistem ao vírus HIV, de acordo com pesquisadores dos EUA, durante estudo que fornece novas pistas sobre como produzir uma vacina para prevenir a Aids.
'Há muito tempo sabemos que algumas pessoas desenvolvem (a doença) extremamente rápido quando são contaminadas, enquanto outras podem ficar bem por três décadas sem precisar de tratamento, e ainda assim parecerem inteiramente bem', disse Bruce Walker, do Hospital Geral de Massachusetts e da Universidade Harvard, cujo estudo saiu na revista Science.
'Pensamos que poderíamos aplicar novas técnicas do projeto genoma humano para entender qual é a base genética disso', afirmou ele.
Cerca de 1 em cada 300 pessoas contaminadas pelo HIV são capazes de suprimir o vírus com seu sistema imunológico, mantendo a carga viral extremamente baixa. A equipe investigou a composição genética de quase mil pessoas com essa capacidade, comparando-as ao código genético de 2.600 outros soropositivos.
Isso os ajudou a identificar cerca de 300 diferentes locais no código genético associados ao controle imunológico do HIV, todos eles localizados no cromossomo 6. Eles então chegaram a quatro alterações individuais no DNA, conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs), todas relacionadas ao sistema imunológico.
'Fizemos um segundo estudo em que examinamos aminoácido por aminoácido nessa região', disse Walker.
Eles encontraram cinco aminoácidos na proteína HLA-B vinculados a diferenças na capacidade da pessoa de controlar o HIV. Essa proteína é importante em ajudar o sistema imunológico e localizar e destruir células infectadas por um vírus, e Walker disse que essas variações genéticas podem fazer uma grande diferença no controle do HIV.
Entender como se dá a reação imunológica desses pacientes ao vírus da Aids pode ser um passo importante no desenvolvimento de uma vacina contra o HIV. Em quase 30 anos de epidemia, a doença já contaminou quase 60 milhões de pessoas, a maioria na África, e matou 25 milhões.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Nova espécie de macaco com nariz arrebitado é descoberta em Mianmar

O macaco da foto é uma montagem feita a partir de uma carcaça. Foto: DivulgaçãoEsta montagem foi feita a partir de uma carcaça do macaco
Uma nova espécie de macaco com o nariz arrebitado foi encontrada no nordeste de Mianmar (antiga Birmânia), na Ásia.
As narinas do animal são voltadas para cima, portanto, quando chove, a água entra pelas cavidades, fazendo com que o macaco espirre.
Há outras espécies com esse tipo de nariz, mas são bastante raras.
Para os especialistas, a descoberta de uma nova espécie de primata é algo excepcional e demonstra a grande biodiversidade de Mianmar - uma riqueza que precisa ser protegida, eles enfatizam.
A nova espécie foi descrita em um artigo divulgado na publicação especializada American Journal of Primatology.
Barba e pelos nas orelhas
Cientistas fazendo pesquisas na área identificaram o chamado macaco a partir de pele e crânios recebidos de caçadores locais, que haviam relatado a existência de uma espécie que não se encaixava nas descrições existentes.
Depois, uma população pequena, estimada entre 260 e 330 indivíduos, foi localizada no Estado de Kachin, no norte de Mianmar.
Os animais são pretos e têm tufos de pelo branco saindo das orelhas. Eles também têm barba no queixo, lábios carnudos e uma cauda longa, com comprimento de em torno de 140% o tamanho de seu corpo.
A espécie está separada do habitat de outra espécie de macaco de nariz arrebitado pelos Rios Mekong e Salween.
Uma equipe de primatologistas de Mianmar e outros países identificou formalmente a nova espécie, cujo nome científico é Rhinopithecus strykeri.
O biólogo Frank Momberg, um dos diretores da ONG Fauna & Flora International (FFI), que trabalha pela preservação de plantas e animais, participou da expedição que descobriu a espécie.
Para população local, macaco tem 'rosto virado para cima'
É absolutamente excepcional descobrir uma nova espécie de primata e, especialmente, descobrir uma nova espécie de macaco de nariz arrebitado é algo muito raro", disse Momberg à BBC.
"Com o novo macaco de nariz arrebitado, Mianmar tem agora 15 espécies de primatas, o que enfatiza a importância do país para a preservação da biodiversidade".
Na vizinhança da região habitada pela nova espécie vivem os macacos Yunnan (R. bieti), que também têm o nariz arrebitado.
Segundo os especialistas, o fato de que os novos primatas estão isolados do outro grupo é uma indicação de que se trata de uma outra espécie e não uma espécie já identificada que tem apenas uma cor diferente.
'Mey nwoah'
Entrevistas com a população local revelaram que, embora cientistas desconhecessem a espécie, os moradores da área já sabiam da existência do animal, que é conhecido como mey nwoah, ou "macaco com o rosto virado para cima".
Segundo relatos de caçadores, é particularmente fácil identificar os macacos quando chove: eles espirram alto quando a água da chuva cai em suas narinas e tendem a ser vistos com a cabeça entre os joelhos.
Todas as espécies de macacos de nariz arrebitado são consideradas seriamente ameaçadas de extinção, incluindo o impressionante macaco de rosto azul R. roxellana.
A caça e a destruição do habitat desses animais são os fatores que mais ameaçam as populações de animais no mundo.
A ONG Fauna & Flora International já iniciou campanhas envolvendo a população da área e a indústria madeireira para que o habitat da nova espécie seja protegido.
"Se pudermos convencer a população da área a parar de caçar o macaco de nariz arrebitado, por meio da criação de um sentimento de orgulho local, desenvolvendo patrulhas comunitárias e monitoramento, e oferecendo fontes alternativas de sustento para comunidades que dependem da floresta, poderemos salvar (a nova espécie) da extinção", disse Momberg.